Boletim
Galego, ano II, nº12, 2004 Outubro
DELIBERAÇONS DO COMITÊ INTERNACIONAL ... ARTIGO DE BRIGITTE VERDIÈRE ... SEGUNDO ESBOÇO DA CARTA MUNDIAL ... Deliberaçons do Comitê Internacional da Marcha Mundial das Mulheres, reunido em Montreal a finais de Agosto deste ano 2004.
Deliberaçons sobre a carta Mundial das Mulheres para a Humanidade e aprovaçom do segundo esboço da Carta... Enmendas ao borrador da Carta. Umha série de ateliês de discussom precederám a aprovaçom da Carta das Mulheres o 10 de Dezembro, um processo que estará a cargo do Comitê Internacional. O esboço articulou-se ao redor dos cinco valores defendidos na Carta: liberdade, igualdade, solidariedade, justiça e paz. Só a Carta como tal será submetida ao processo de aprovaçom. Fica por redigir um documento explicativo que acompanhará a Carta. A Carta deveria estar lista para apresentá-la ao Fórum Social Mundial que se levará a cabo no final de janeiro em Porto Alegre em Brasil. Publicárom-se depois várias versons que se utilizarom durante o Relevo em 2005; sugere-se também produzí-la em forma de cartaz e em ediçom de bolso. Umha vez aprovada, enviara-se aos grupos aliados, feministas, membros de movimentos sociais e poderia-se também entregar a certas pessoas proeminentes. Não se chegou no entanto a nenhuma posição unânime sobre o envio da Carta às instituições internacionais, como a ONU por exemplo. Este tema será voltado a tratar em Ruanda. Convidamos-vos a conferir o segundo esboço da Carta mundial das mulheres para a humanidade. Esta versom da Carta foi enviada às coordenadoras nacionais da Marcha mundial das Mulheres para sua consulta, portanto nom se trata da versom definitiva, está estará a sua disposiçom logo de sua adoçom no dia 10 de Dezembro de 2004, quando tenha lugar o encontro internacional em Kigali, Ruanda. Segundo esboço da Carta Mundial das Mulheres O segundo esboço da Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade aginha estará disponível. Este esboço tem em conta os comentários contribuídos à primeira versom por parte de diversos grupos membros da Marcha Mundial das Mulheres. A palavra de ordem: pode melhorar-se, sobretudo se queremos, como expressárom na maioria das respostas, utilizar a Carta nas luitas cotidianas. Primeira avaliaçom.- Convergências.- A eleiçom de basear a Carta nos valores de liberdade, igualdade, solidariedade, paz e justiça foi unánime. O tom utilizado parece que também atingiu um consenso, inclusive se se precisa mais unidade para evitar do que oscile entre a declaraçom, o manifesto ou a utopia. Que fique com um estilo formal e seremos tomadas mais em sério, escreveis vós. Porque, além do texto, está sua adoçom, seu reconhecimento, ponto que falta por determinar juntas, mas que a todas preocupa. Parece necessário envolver melhor a Carta na Marcha, apoiá-la sobre nossos valores e nossas 17 reivindicaçons. Compreendemos também que precisamos ser mais positivas. A Carta descreverá o mundo que queremos construir e proporá alternativas. Nom deve ser um documento crítico. Divergências.- Falaremos sistematicamente de mulheres e de homens? Algumas problemáticas, tais como a violência, devem-se tratar da mesma forma para ambos sexos? Quais liberdades defendemos nós? Som todas aceitáveis? Como obter a unanimidade sobre temas que ainda som difíceis de abordar para algumas? Sintesis.- Umha das "soluçons" propostas consiste em converter a Carta num documento curto, contundente, portador de futuro. A introduçom reduzira-se, e colocará a Carta no contexto da Marcha e introduzirá os 5 valores nos que baseamos a Carta. Por cada valor, teremos umha afirmaçom e a declinaçom dos fundamentos nos quais a apoiamos. Finalmente, a Carta terminará com um chamado aos outros grupos de mulheres e aos movimentos sociais. Este será o documento que será adotado durante o encontro em Ruanda. Será A Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade e nom poderá ser modificado. As denúncias e acusaçons do mundo actual, as explicaçons da seleçom dos valores e a precisom da forma como utilizamos certos termos, estarám num documento que acompanhará à Carta e que cada grupo poderá adaptar a sua realidade. Além dos comentários, notamos sua motivaçom e expectativas que permitem predizer que a Carta, umha vez adotada, será um instrumento importante dia a dia para todas vós. Podeis lêr alguns
comentários que recebimos consultando o sítio Web na página: Brigitte Verdière,
responsável de Comunicaçons, Secretariado Internacional.
Marcha Mumdial das Mulheres CARTA MUNDIAL DAS MULHERES Segumdo esboço Documento de Trabalho Preámbulo Desde há muito que marchamos para denunciar a opresom à que somos submetidas por ser mulheres, para que a dominaçom, a exploraçom, o egoísmo e a procura desenfrenada do lucro que traem injustiças, guerras, conquistas e violéncias chegue ao seu fim. Das nossas luitas feministas e as das nossas antepassadas que bregarom em todos os continentes, nascérom novos espaços de liberdade para nós, as nossas filhas e para todas as nenas que, despois de nós, caminharám sobre a Terra. Construimos um mundo no que a diversidade é umha vantagem, a individualidade ao igual que a colectividade um enriquecemento, onde flui um troco sem barreiras, onde a palavra, os cantos e os sonhos florecem. Este mundo considera à pessoa humana como umha das riquezas mais preciosas. Um mundo no qual reine a igualdade, a liberdade, a solidariedade, a justiça e a paz. Um mundo que, coa nossa força, somos capaces de criar. As mulheres constituem mais da metade da humanidade. Elas dam a vida, trabalham, amam, criam, militam, distraem-se. Elas garantem actualmente a maioria das tarefas esenciais para a vida e a continuidade desta humanidade. Sem embargo, a sua posiçom na sociedade permanece subevaliada. A Marcha Mundial das Mulheres da qual formamos parte, identifica ao patriarcado e ao capitalismo como os sistemas de opresom cara as mulheres e de exploraçom dumha imensa maioria de mulheres e de homes por parte dumha minoria. Estes sistemas se fundamentam no racismo, a xenofobia, a homofobia, o colonialismo, o imperialismo, o escravismo, o trabalho forzado e fortalecem-os. Constituem a base dos fundamentalismos e integrismos que impedem às mulheres e aos homes ser livres. Geram a pobreza, a exclusom, violam os direitos dos seres humanos, particularmente os das mulheres e ponhem o planeta em perigo. Rexeitamos este mundo. Proferimos construir outro mundo onde a exploraçom, a opresom, a intoleráncia e as exclusions nom existam mais, onde a integridade, a diversidade, os direitos e liberdades de todas e todos sejam respeitados. Este mundo basea-se nos valores de igualdade, libertade, solidariedade, paz e justiça. IGUALDADE Declaraçom 1.
Todos os seres humanos e todos os povos som iguais, em todos os ámbitos
e em todas as sociedades e tenhem igual acceso às riquezas, à
terra, a um emprego digno, a os medios de producçom, a umha vivenda
adecuada, à educaçom, a formaçom profisional, a
justiça, a umha alimentaçom sana, nutritiva e suficiente,
a serviços de saúde física e mental, à segurança
durante a velhez, a um medioambiente sam, à propriedade, a cargos
de representaçom política e de toma de decisons, á
energia, à água potável, ao ar limpo, aos meios
de transporte, às técnicas, à informaçom,
aos meios de comumicaçom, ao lecer, a cultura, o repouso, a tecnologia
e a ciéncia. Para que este mundo chegue a existir, se deve contar coas condiçons seguintes: 1. Paridade salarial
entre mulheres e homes por um trabalho idéntico ou de valor equivalente,
e goce dos mesmos direitos e as mesmas emprestaçons sociais. LIBERDADE Declaraçom 1.
Todo ser humano vive livre de todo tipo de violéncia. Nengum
ser humano pertence a outro. Nengumha pessoa pode ser obxecto de esclavitude,
sofrer trabalhos forzados, ser obxecto de tráfico, exploraçom
sexual ou prostituçom. Para que este mundo chegue a existir, se deve contar coas condicions seguintes: 1. A responsabilidade
da contracepçom a tenhem as mulheres e os homes. Ambos tenhem
acceso a umha informaçom confiável e imparcial sobre os
métodos anticonceptivos, a protecçom contra as enfermidades
transmitidas sexualmente e a infra-estruturas sanitárias seguras,
de qualidade e gratuitas. SOLIDARIEDADE Declaraçom 1.
Todos os seres humanos som interdependientes. Compartem o dever e a
vontade de viver juntos, de construir umha sociedade generosa, exenta
de opresom, de exclusons, de discriminaçons, de intoleráncia
e de violências. Para que este mundo chegue a existir, deve-se contar coas condiçons seguintes: 1. Instaura-se o
Estado de direito, laico e democrático no marco dumha democrácia
realmente representativa, participativa, paritaria, sem discriminaçoms,
pacífica onde reinam a concertaçom, a liberdade e o controlo
do bem público pola colectividade. JUSTIÇA Declaraçom 1.
Todos os seres humanos som considerados cidadás e cidadáns
com plenos direitos humanos [direitos sociais, económicos, políticos,
civis, culturais, ambientais] dumha maneira igualitaria e equitativa. Para que este mundo chegue a existir, deve-se contar coas condiçons seguintes: 1. Cando os direitos
vem-se atropelados, tomam-se todas as medidas para esclarecer as violaçons
dos direitos e asegurar que se reparam ou compensam efectivamente os
danos e perjuizos causados às pessoas ou às comunidades
afectadas. PAZ Declaraçom 1.
Todos os seres humanos vivem num mundo de paz, o que significa: a igualdade
entre os sexos, a igualdade social, económica, política,
jurídica e cultural. O respeito dos direitos, a erradicaçom
da pobreza, garantem que todas e todos levem umha vida digna, exenta
de violência, tenham um trabalho e recursos suficientes para alimentar-se,
ter vivenda, vestir-se , instruir-se , ter protecçom na velhize,
ter acceso aos cuidados necessários. Para que este mundo chegue a existir, deve-se contar coas condiçoms seguintes: 1. Promulgam-se
e aplicam efectivamente leis que prohibem e condenam todas as formas
de violencia, particularmente aquelas dirixidas cara as mulheres, ja
sejam da esfera privada ou pública, que ocorram em tempos de
paz ou de guerra. CHAMADO Esta Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade fai um chamado a todas as mulheres e os homes e a todos os povos esmagados do planeta a proclamar individual e colectivamente o seu poder para transformar o mundo e modificar radicalmente os nexos que os unem para desenvolver relazóns baseadas na igualdade, a paz, a liberdade, a solidariedade e a justiça. Fai um chamado a todos os movimentos sociais e a todas as forzas sociais da sociedade a actuar para que os valores que defendemos nesta Carta sejam verdadeiramente postos en prática e para que as instáncias de poder político tomem todas as medidas necessárias para aplicá-los. A Carta convida à acçom para mudar o mundo. Há urgéncia! Nengum elemento desta Carta pode ser interpretado ou utilizado para emitir opinións ou levar a cabo actividades contrárias ao espírito desta Carta. Os valores que aqui se defendem formam um conjunto e som iguais em importáncia, interdependientes e indivisíveis; o lugar que ocupam na Carta é trocável. Quen somos Somos mulheres integrantes da Marcha Mumdial das Mulheres, movimento composto por grupos de mulheres de diferentes origens étnicos, culturas, religións, políticas, classes, idades e orientaçons sexuais. Em lugar de separar-nos , esta diversidade une-nos numha solidariedade mais global. No 2000, como Marcha Mumdial das Mulheres, redigimos umha plataforma política que continha 17 reivindicaçoms concretas co fim de eliminar a pobreza no mundo, realizar a distribuiçom das riquezas, erradicar a violéncia contra as mulheres e atingir o respeito da sua integridade física e moral. Transmitimos estas reivindicaçons aos responsáveis do Fondo Monetário Internacional, do Banco Mumdial, ás Naçons Unidas. Nom recebemos nengumha resposta concreta. Transmitimos tamém as nossas reivindicaçoms às pessoas com cargos eleitos e às e os dirigentes dos nossos países Desde entom continuamos, sem descanso, a defender as nossas reivindicaçons. Proferimos alternativas para construir outro mundo. Trabalhamos activamente no seio dos movimentos sociais do mundo e das nossas sociedades e seguimos aprofundando na reflexom sobre o lugar que ocupam e devem ocupar as mulheres no mundo. Coas nossas acçoms de 2005 e a publicaçom desta Carta, reiteramos a nossa fé num mundo cheio de esperança, de vida, um mundo no qual seja agradável viver. Com esta Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade declaramos o nosso amor à vida, á beleza e á diversidade do mundo. Marcha Mundial das Mulheres
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