MARCHA MUNDIAL DAS MULHERES NA GALIZA
[Ediçom em Galego-Português]


Boletim de Ligaçom Internacional,
Dezembro de 2003,
Volume 6,
Numéro 4


SUMÁRIO:

. ATUEMOS JUNTAS PARA CRIAR NOSSA UTOPIA FEMINISTA!
. CIDADÁNS DO MUNDO EM CANCUM
. ASSEMBLÉIA EUROPÉIA PARA OS DIREITOS DAS MULHERES
. O FÓRUM SOCIAL MUNDIAL: UM PROCESSO QUE DEVEMOS FAZER NOSSO
. A MARCHA MUNDIAL DAS MULHERES EM SEU PAÍS OU REGIOM


Boletim de Ligaçom, Dezembro de 2003, Vol. 6, numéro 3

ATUEMOS JUNTAS PARA CRIAR NOSSA UTOPIA FEMINISTA!


A Marcha Mundial das Mulheres, rede e movimento mundial de acçons feministas que agrupa grupos de mulheres em 163 países e territórios, entrou numha nova fase de mobilizaçom. Aliás, em nosso último encontro internacional (na Índia em março de 2003) adotamos um plano de açom que nos leva até 2006. Em julho passado, o Comitê Internacional da Marcha (conformado por militantes de 11 países) reuniu-se em Utrecht (Países Baixos) para dar os toques finais ao plano de açom e detalhar as próximas etapas de mobilizaçom. Reproduzimos-lhes a continuaçom umha carta que o Comitê Internacional enviou a todas as Coordenacçons Nacionais da Marcha apresentando brevemente nosso plano de açom. ¡Esperamos que este as estimule e lhes dê desejo de envolver-se nestas acçons conjuntas e solidárias com as mulheres do mundo!

O desejo de criar juntas umha Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade nos vem da urgente necessidade de propor alternativas econômicas, políticas, sociais e culturais para fazer que outro mundo seja possível. Queremos afirmar energicamente nossa convicçom de que é possível construir um mundo no qual tenha igualdade entre mulheres e homens, entre todos os seres humhanos e entre os povos e no qual se respeite o meio ambiente de nosso planeta. Queremos também comparar nossas visons desse outro mundo e nossas soluçons feministas, entre nós as mulheres, e com as organizaçons aliadas, tanto a escala local como nacional, regional e internacional.

Sugeriremos as grandes linhas de umha Carta para outro mundo possível que recolherom valores universais e feministas. Este documento se inspirará das 17 reivindicacçons mundiais da Marcha para formular propostas de alternativas. Queremos que em dita Carta seja proclamem os princípios universais e que nom seja umha simples lista de reivindicacçons, e que nos permita dar a conhecer o modelo de sociedade que desejamos, é dizer nossa utopia feminista que nos servirá de guia para elaborar nossas estratégias de açom.

Por que umha Carta?

Com a Carta pretendemos afirmar-nos como força indispensável para a transformaçom global da sociedade e ser um instrumento de mobilizaçom dos movimentos internacionais de mulheres.

Dirige-se às mulheres do mundo e a suas organizaçons, à sociedade civil e aos movimentos sociais, às instituiçons (locais, nacionais, regionais e internacionais). Se levárom a cabo diversas acçons da Marcha durante as quais se entregará a Carta aos governos nacionais, locais ou regionais para interpelar, de várias maneiras, às instituiçons políticas e econômicas, e se enviará também um exemplar à ONU. A apresentaremos, assim mesmo, aos movimentos sociais e nossa açom, umha vez mais, se arraigará inicialmente num processo de educaçom popular que realizará cada grupo participante para dar voz às mulheres e tecer laços entre as diferentes alternativas que propõem as mulheres de diversos países. A Carta constituirá a pedra angular de tais acçons e atividades de educaçom popular. Compartilharemos nossa visom feminista para a Humanidade com nossas respectivas comunidades e encontraremos também diferentes maneiras de vincular este “manifesto” global com nossas problemáticas e reivindicacçons locais e nacionais. Utilizaremos maneiras criativas, teatro, cançons ¡e, por suposto, a manta de patchwork!, para dar a conhecer a Carta.

A elaboraçom da Carta

Entende-se que a elaboraçom da Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade que a MMM está empreendendo deve ser um processo que inclua a participaçom de todos os grupos de nossa rede e movimento. Também se entende que o conteúdo da Carta deve estar baseado em nossas 17 reivindicacçons mundiais e deverá ilustrar as utopias, idéias e estratégias relacionadas a elas. Queremos também reconhecer o trabalho das feministas das últimas décadas cujos escritos, ainda muito vigentes, podem enriquecer nosso trabalho de construçom da Carta.

Propomos, portanto, um processo que inclua três componentes:

Reunir textos inspiradores

Propomo-nos levar a cabo investigacçons que nos permitam fazer um inventário dos textos feministas que nutrem nossa visom e que possam ajudar com a redaçom da Carta (por exemplo, a Declaraçom dos direitos da mulher e da cidadá, de Olympe de Gouges, alguns dos documentos que produzimos, etc.), bem como algumhas das melhores práticas locais ou nacionais na promoçom dos direitos das mulheres..

Temas por discutir nos grupos da MMM

Queremos definir algumhas perguntas e debates que se precisam fazer para avançar algumhas de nossas utopias.

Contribuiçons dos grupos locais

Desejamos também convidar às organizaçons de base locais a que contribuam à construçom da carta, usando técnicas de educaçom popular, expressons criativas do que as mulheres aspiramos quando sonhamos em mudar o mundo, etc

Enviou-se às Coordenacçons Nacionais da MMM um esquema geral do possível conteúdo da Carta para lançar as discussons e começar a elaborar um primeiro rascunho. Como marco, propusemos cinco temas gerais (Direitos Universais, Economia, Ecologia, Liberdades, Igualdade e Democracia). A raiz dos comentários recebidos, retivemos a proposta de enfocar os variados temas mais bem a partir dos valores feministas: igualdade, liberdades, solidariedades, justiça e paz. Em fevereiro, se enviará um primeiro rascunho das bases. umha vez que se tenham recebido todas as contribuiçons e comentários se redigirá um segundo rascunho com vistas a sua adoom com motivo do Quinto Encontro Internacional da MMM em Ruanda em dezembro de 2004.

A coordenaçom do processo de elaboraçom da Carta e de preparaçom das próximas acçons mundiais da MMM estará a cargo do Comitê Internacional e do Secretariado Internacional da Marcha (localizado em Montreal). Ademais, em aras de umha maior descentralizaçom, algumhas Coordenacçons Nacionais articulárom o trabalho sobre rubricas mundiais, e é neste espírito que o Comitê Internacional pediu a Québec que, junto com o Secretariado Internacional, pusesse em pé um Subcomité Internacional para a Elaboraçom da Carta. Foi com grande prazer que a Coalition nationale dês femmes contre a pauvreté et a violence (Coligaçom nacional de mulheres contra a pobreza e a violência) e a Fédération dês femmes du Québec , que está encarregada da coordenaçom, aceitaram esse papel.

Acçons de alcance mundial para 2005.

Relevo mundial da Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade

O 8 de março de 2005, o lançamento da Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade se levará a cabo simultaneamente em todos os países participantes nos quais se organizárom eventos públicos para sublinhar dito evento. O mesmo dia, echará a andar o Relevo Mundial da Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade. Durante este relevo, um exemplar impresso da Carta dará a volta ao mundo e se parará em 50 pontos focais. Partirá de Brasil para logo percorrer as Américas, Oceania, Ásia, o Médio Oriente, Europa e África e terminar-se o 17 de outubro de 2005 (Dia Mundial pela Erradicaçom da Pobreza) num país africano (ainda por eleger-se). A Carta se acompanhará de um mapa do mundo sobre o qual cada país, no qual se parará, bordará sua localizaçom no mapa para traçar a trajetória da Carta, a qual passará 3 ou 4 dias em cada país durante os quais se poderom organizar eventos antes de seguir seu percurso.

Marchas de relevo nacionais e regionais

Os países e regions (onde seja possível) organizárom marchas de relevos entre o 8 de Março e o 17 de outubro. Estes países poderom organizar suas próprias marchas para fazê-las coincidir com a chegada da Carta.

Manta Global de Solidariedade

O 8 de março de 2005, ou ao redor desta data, como resultado dos processos de educaçom popular em torno à Carta Mundial que se terom levado a cabo quase em todas partes, se convidará às mulheres a demonstrar, em formas criativas, sua visom de outro mundo, sobre peças de tela para constituir umha manta global de solidariedade. Estes retazos serom enviados a um lugar central antes do 1 de junho de 2005 e com eles se criará umha manta que se transportará a um evento onde se reunirá umha delegaçom internacional o 17 de outubro (vejam-se detalhes mais abaixo). Após a açom do 17 de outubro, a manta será dividida em cinco partes, que começárom a viajar ao redor do mundo, por regiom, para ser utilizadas nas acçons regionais, nacionais e internacionais que se possam organizar com motivo do 25 de novembro (Dia Internacional para a Eliminaçom da Violência contra as Mulheres).

24 Horas de Solidariedade Mundial de Mulheres e acçons Contra a Pobreza e a Violência Contra as Mulheres

A meio dia (hora local) do 17 de outubro, se levárom a cabo acçons de umha hora de duraçom, com alguns elementos simbólicos comuns em todo o mundo. As acçons começárom em Oceania e continuárom para o oeste, seguindo ao Sol, de um fuso horário a outro, durante 24 horas, formando umha açom feminista de relevo de 24 horas.

Chegada da Carta e da Manta da Solidariedade

O 17 de outubro, chegárom a Carta e a Manta a seu destino final em África, (lugar ainda por eleger-se) onde umha pequena delegaçom internacional participará numha açom de solidariedade.

CALENDÁRIO DE AÇÕES DA MARCHA MUNDIAL DAS MULHERES

8 de março de 2005:

Lançamento da Carta em cada país

Início do Relevo Mundial da Carta em Brasil

Criaçom das peças de telas para a confecçom da manta.

8 de março-17 de outubro de 2005:

Marchas de relevo

17 de outubro de 2005:

Evento com a delegaçom internacional em África e chegada da Carta e da Manta.
24 horas de solidariedade mundial das mulheres

A partir do 18 de outubro de 2005 até ao menos o ano 2006:

Gira da Manta Mundial por regiom (circulárom cinco mantas).

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CIDADÁNS DO MUNDO EM CANCUM


O Fórum Internacional Os Direitos das Mulheres nos Acordos Comerciais realizado os dias 8 e 9 de setembro de 2003, como umha das primeiras atividades no marco do Fórum dos Povos por umha Alternativa frente a a Organizaçom Mundial do Comércio, foi muito exitoso, entre outros aspectos porque representou um aporte à construçom de um frente mundial de resistência das mulheres ante a imposiçom de um modelo econômico e social universal dominado pelas leis do mercado. Mulheres da Marcha Mundial de vários países participaram ao Fórum, e a MMM em México formou parte dos grupos organizadores do mesmo.

Durante dous dias, 230 participantes de 43 países integrantes de redes de mulheres dos cinco continentes analisamos as decisons que tomam os poucos países desenvolvidos que controlam a OMC e seus impactos na qualidade de vida das mulheres e os povos. Em mais de trinta exposiçons e nas plenárias, abordamos os aspectos mais significativos para a agenda própria das mulheres em agricultura, soberania e segurança alimentaria, transgênicos e economias rurais alternativas e solidárias, serviços de saúde, educaçom e água, direitos de propriedade intelectual relacionados com o comércio (TRIPS, por suas siglas em inglês), direitos trabalhistas, investimentos, militarizaçom e violência para as mulheres, dívida externa e migraçom.

No Fórum, adotou-se a declaraçom seguinte:

Declaraçom política do Fórum Internacional os Direitos das Mulheres nos Acordos Comerciais.

(8 e 9 de Setembro de 2003, Cancum, Quintana Roo, México)

Nós as mulheres participantes de Alemanha, Argentina, Áustria, Bélgica, Bolívia, Brasil, Bulgária, Canadá, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Chile, Dinamarca, Equador, El Salvador, Espanha, Estados Unidos, Filipinas, França, Grá-Bretanha, Guatemala, Guyana, Holanda, Índia, Irlanda, Israel, Itália, Jamaica, Japom, Coréia, México, Mongólia, Paraguai, Palestina, Peru, Senegal, Suiça, África do Sul, Tailándia, Turquia, Uganda e Venezuela.

DECLARAMOS:

1. Que a quinta conferência ministerial da Organizaçom Mundial do Comércio em Cancum, dá-se num contexto mundial marcado por um ambiente de guerra, militarizaçom e unilateralismo em diversas regions do mundo.

2. Que as grandes potências econômicas e as corporacçons multinacionais despregaram novas estratégias de condicionamento e pressom aos países em desenvolvimento através acordos regionais e bilaterais que ahondan as desigualdades e desvantagens que impactan negativamente às comunidades, aos povos indígenas, e particularmente às mulheres.

3. Que as negociacçons da OMC e os tratados de livre comércio vulneram os direitos humhanos, econômicos, sociais e culturais de mulheres consignados na Declaraçom Universal dos Direitos Humhanos e em múltiplos convênios internacionais.

4. Que os povos menos favorecidos do mundo se encontram numha situaçom de indefensom jurídica devido ao status desigual que adquirem estes acordos comerciais. Enquanto para os países em desenvolvido adquirem caráter constitucional nom é assim para as grandes potências econômicas umha vez que os acordos som assinados resulta muito difícil cancelá-los.

5. Que os temas que se discutem na quinta conferência ministerial impactan negativamente e de maneira drástica a qualidade de vida das mulheres do planeta.

A agricultura é umha atividade e forma de vida fundamental para o desenvolvimento dos países já que constitui o meio de sostenimiento de milhares de milhons de pessoas e famílias. Ademais, é a base da soberania e segurança alimentaria e se relaciona com os saberes e riquezas contribuídos e protegidos durante milhares de anos pelas mulheres.

A privatizaçom dos serviços públicos translada os custos sociais da reproduçom às mulheres. Os serviços de saúde, educaçom, água e outros, som responsabilidade pública dos governos e portanto nom podem ser convertidos em simples mercadorias pelos acordos da OMC.

Os tratados sobre propriedade intelectual relacionados com o comércio, usurpam os direitos das comunidades sobre seus recursos naturais e os conhecimentos tradicionais das mulheres indígenas; favorece a privatizaçom dos recursos genéticos e a biodiversidade, inibem o desenvolvimento científico e tecnológico dos países em desenvolvimento e outorgam supremacia aos ganhos das grandes transnacionales.

6. Que nom devem abrir-se à negociaçom os chamados “novos temas” tais como investimento, competência, compras governamentais, e facilitaçom do comércio, porque conduzirom ao empobrecimento dos países em desenvolvimento e contribuirom a gerar maiores obstáculos à superaçom da desigualdade de gênero.

7. Que as mulheres promoveremos umha agenda alternativa de globalizaçom que ponha no centro os direitos humhanos, econômicos, sociais e culturais das mulheres na que:

Garanta-se a soberania e segurança alimentaria das nacçons, reconheça-se o papel preponderante das mulheres na produçom agropecuária e se transformem as relacçons de gênero que permitam o pleno exercício da cidadania das mulheres.

Estabelece-se a preeminencia dos acordos e convênios internacionais relativos a direitos humhanos, ambientais, trabalhistas, sexuais e reprodutivos por em cima de réguas e tratados comerciais.

Promova-se a instrumentaçom de instáncias e mecanismos que apontem a formas de gobernabilidad democrática entre as nacçons na que os países em vias de desenvolvimento resgatem seu direito à soberania. Estes mecanismos deverom garantir formas equitativas de participaçom para as mulheres.

O Fórum Internacional os Direitos das Mulheres nos Acordos Comerciais faz um chamado aos governos dos países a nom assinar acordos que atentem contra a qualidade de vida das mulheres.

Convocamos ao Fórum dos Povos por umha Alternativa frente a a OMC a que se some a esta declaraçom e faça suas as demandas das mulheres que constituímos o 70% dos pobres do mundo.

Mulheres Para Cancum

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ASSEMBLEIA EUROPEIA PARA OS DIREITOS DAS MULHERES


A raiz do primeiro Fórum Social Europeu (FSE), realizado em Florença em novembro de 2002, surgiu a idéia de organizar umha Assembléia Européia para os Direitos das Mulheres com motivo do próximo FSE que se celebraria em Paris (em novembro de 2003). Várias preocupacçons motivaram esta idéia:

um balanço muito negativo quanto à presença no Fórum das preocupacçons e reivindicacçons que afetam às mulheres : muito poucas intervençons de mulheres nas plenárias e os ateliês; muito poucos temas abordados sob umha perspectiva de gênero; pouca participaçom dos homens nos ateliês e seminários sobre mulheres.. ;

a necessidade de reunir, por vez primeira e com motivo do FSE, o maior número de associacçons feministas possível com miras a trocar e mancomunar experiências; definir os temas prioritários conjunto; decidir sobre campanhas comuns e criar para isso, redes européias e um Manifesto de reivindicacçons européias.

Afirmar e impor nosso lugar no movimento alterglobalización.

Em resumidas contas, que compreendíamos que apremiaba construir umha força feminista européia comum para resistir aos ataques contra nossos lucros e conquistar novos espaços, particularmente nos países que têm atraso na matéria..

Um lindo sucesso

Cumpriu-se com o desafio e o sucesso rebasó todas nossas esperanças: 3.500 pessoas sob a carpa, 360 associacçons e organizaçons de 55 países e de 5 continentes. umha afluencia de gente que demonstra que a emancipaçom da mulher segue sendo em tema debatido, à vez que gera grandes expectativas e grande necessidade de mobilizar-se. Pudemos comprovar que todas lhes redes européias quiseram e puderam mobilizar-se para essa data e sentiram que tinham seu lugar. Sentimos que estava nascendo umha consciência européia que precisa mobilizar-se para cobrar mais força.

Participaram em maioria militantes feministas e de associacçons de mulheres, mas foi muito mais lá, grande número de participantes considerou que esta jornada formava parte do Fórum e portanto umha ocasiom mais para escutar-se e educar-se.

Apesar de algumhas dificuldades logísticas, o encontro se levou a cabo numha boa atmosfera, cálida, solidária e resueltamente otimista, com intervençons densas e com freqüência emocionantes. Esse dia, com suas plenárias e ateliês (Mulheres e Poder, Mulheres e Guerra, Emprego/pobreza/precaridad, Mulheres e Violências, Mulheres migrantes, Direito de escolher) permitiu chegar a um melhor entendimento dos direitos da mulher em Europa e sentar as bases para trabalhar juntas.

A Assembléia de mulheres e o resto do FSE

A Assembléia de mulheres teve grande incidência sobre o resto do Fórum Social Europeu e isso por várias razons:

Sua realizaçom obrigou às feministas a participar a toda a preparaçom do FSE e a estar mais vigilantes;

Permitiu que se dessem, durante a preparaçom do FSE, vários intercámbios sobre o lugar das mulheres no Fórum, o que fez que todo mundo velasse mais pela presença das mulheres nas plenárias e os ateliês, ainda se o generoso objetivo de paridade expressado ao princípio ficou um pouco esquecido para o final. Independentemente, a presença das mulheres nas tribunas passou de 20% em Florença a arredor de 35%. ¡Todavia se requerem maiores esforços! O movimento de mulheres que estamos construindo deve ajudar ao movimento social e alterglobalización a tomar em conta os problemas das mulheres.

Com nós se inaugurou o FSE, é bem como esta jornada foi percebida pelo público e os médias. Com esta Assembléia demos um salto qualitativo na participaçom das associacçons feministas no FSE e as pessoas que assistiram à Assembléia das mulheres se integraram no movimento alterglobalización, todo isso foi muito positivo.

O impacto e o sucesso desse dia demonstram o necessário que era lutar por sua realizaçom e a razom que tivemos ao fazê-lo. O sentimento geral é que, já que ficou demonstrada sua importáncia, teria que fazer desta Assembléia um evento perenne no FSE.

Nelly Martin – Marcha Mundial das Mulheres - França (texto baseado sobre as notas da reuniom de avaliaçom do Coletivo de preparaçom da Assembléia Européia para os Direitos das Mulheres)

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O FÓRUM SOCIAL MUNDIAL: UM PROCESSO QUE DEVEMOS FAZER NOSSO


Do 16 ao 21 de janeiro próximos, se levará a cabo em Mumbai, Índia, o Quarto Fórum Mundial Social (FSM), tendo por primeira vez lugar fora de Porto Alegre. Trata-se de demonstrar com isso que o processo do FSM pertence a todos os movimentos sociais e organizaçons que põem em tela de juízo o tipo de mundializaçom que achica a nosso mundo, impõe-lhe suas idéias prefabricadas e soluçons únicas com dramáticas conseqüências. A Marcha Mundial das Mulheres apoiou, durante o Conselho Internacional do FSM em 2003, a decisom de manter este acontecimento anual no Sul mudando regularmente de país o lugar do Fórum Social Mundial, para permitir que diversas comunidades se mobilizem e demonstrem sua oposiçom à guerra, a exclusom, as desigualdades e hegemonias de todo tipo.

Para o movimento de mulheres, e no particular, para a Marcha Mundial das Mulheres, o FSM nos permite dar a conhecer a análise feminista e criar novas alianças para conseguir as mudanças sociais que desejamos. No entanto, nom é um processo fácil e temos que reconhecer que certos grupos ou indivíduos se resistem a compartilhar o espaço criado pelo FSM no ámbito mundial. O feminismo, ainda se nas últimas décadas ensopou à maioria dos movimentos sociais, ocupa todavia um lugar de segundo plano quando se trata de estabelecer as prioridades de açom. ¡O feminismo concierne às mulheres, o socialismo a todo o mundo! ¡As mulheres entram no específico, os homens no geral! As lutas contra o neoliberalismo, o imperialismo, o neocolonialismo som, em certos casos, prioritárias. À medida que se avance nestas lutas, o patriarcado irá retrocedendo...

No entanto, as mulheres já nom querem esperar mais. Nosso desafio reside, desde agora, a estabelecer adequadamente nossas prioridades e expectativas respecto do FSM como processo, bem como no seio da Rede Mundial de Movimentos Sociais que se criou a raiz do FSM e da qual a Marcha Mundial das Mulheres é umha das iniciadoras. Com motivo do próximo FSM na Índia, o 20 de janeiro próximo das 10.00h às 13.00h, um painelpainel trocará sobre o futuro do processo do Fórum Social Mundial. Temos toda a intençom de participar e as convidamos a enviar-nos seus comentários sobre o processo do FSM em seu país ou regiom para orientar nossas discussons.

Devemos também considerar nossos laços com as redes feministas envolvidas no FSM. O 14 e 15 de janeiro, em Mumbai terá um encontro de algumhas representantes de redes feministas regionais e internacionais, o que nos dará a oportunidade de examinar nossas maneiras de trabalhar e ver que convergências encontramos em nossas análises e acçons. Cinco mulheres do Comitê Internacional da Marcha nos representárom e levárom nosso plano de açom para 2005 e falárom de nossa Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade.

Teremos também a oportunidade de falar de nossas acçons de 2005 durante um painelpainel organizado conjuntamente pela MMM, ALAI-mulheres (Agência Latinoamericana de Informaçom), a Rede Latinoamericana Mulheres transformando a economia (REMTE), as mulheres de Via Camponesa/CLOC (Coordenaçom Latinoamericana de organizaçons camponesas) e o grupo Diálogo Sul-Sul. O painelpainel titulado Diversas alternativas para umha mudança global terá lugar o 18 de janeiro de 9.00 a 12.00.

O 18 de janeiro pela tarde, a atividade principal tratará de temas que têm grande significado para as feministas: A guerra contra as mulheres, as mulheres contra a guerra. A Marcha Mundial das Mulheres na Índia organiza por seu lado, provavelmente também o 18 de janeiro, um ateliê com o título Integrismos religiosos: comunalismo, castismo e racismo, agenda da mundializaçom?

O movimento de mulheres da Índia organiza umha grande conferência sobre as mulheres na qual se abordárom numerosos temas, mas nom temos por agora a data exata. À Marcha Mundial das Mulheres se lhe convidou a participar a diversos ateliês ou painéispainéis entre os quais terá um sobre as mulheres e a segurança nas comunas com a participaçom da economista alemá Maria Mies. Poderemos apresentar aí nossas reflexons sobre as alternativas macro econômicas. Recebemos também convites da parte de Bread for the World para participar ao painelpainel sobre a violência para as mulheres, e de Social Alert para o painelpainel sobre as mulheres e a economia informal, mas nom recebemos confirmaçom de datas. Temos também a intençom de organizar um ateliê sobre Feminismo e Açom/Activismo na colônia de férias da juventude, como seguimento de nossa atividade do FSM 2003.

Para aquelas que estárom em Mumbia, recordamos-lhes que nos indiquem como comunicar-nos com vocês de aqui ao FSM e durante este pois pensamos organizar um encontro da Marcha Mundial das Mulheres o 16 de janeiro e outro encontro para fazer a avaliaçom o 21 de janeiro. Junto com as mulheres índias planificamos diversas atividades para dar grande visibilidade à Marcha Mundial das Mulheres. Teremos também um quiosque ao qual poderom dirigir-se se desejam mais informaçom sobre nossas acçons durante o Fórum Social Mundial, ediçom 2004.

Como os anos anteriores, o Comitê Internacional da Marcha Mundial das Mulheres aproveitará esta oportunidade para reunir-se. Realizaremos portanto nossa 2ª reuniom desde o Encontro Internacional de Nova Delhi em Mumbai do 11 ao 13 de janeiro. ¡Teremos a oportunidade de revisar o primeiro rascunho de nossa Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade antes de enviá-la para umha primeira consulta! Nela, abordamos os valores que defendemos como feministas desde faz anos e anos: igualdade, liberdades, solidariedades, justiça e paz. A Carta se voltará ademais umha ferramenta idónea de intervençom no processo do Fórum Social Mundial e lançar nosso apelo para a construçom de outro mundo a partir destes valores.

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Boletim de Ligaçom, Dezembro de 2003, Vol. 6, numéro 3

A MARCHA MUNDIAL DAS MULHERES EM SEU PAÍS OU REGIOM

Em nosso próximo número do Boletim de ligaçom publicaremos exemplos de acçons recentes da MMM em diferentes países… Portanto, se a Marcha de seu país ou regiom organizou acçons recentes (marchas, concentracçons, etc.), ou desejam anunciar acçons futuras, agradecemos-lhes nos enviem um curto texto de nom mais de 150 palavras descrevendo o evento (já seja em inglês, francês e espanhol).
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