BOLETIM INFORMATIVO
Coordenadora Nacional
da Marcha Mundial das Mulheres na Galiza
Abril - 2004
Ano II
nº 9


Boletim Informativo, ano II, nº9, 2004

. Temos até o 15 de Junho deste ano 2004, para avaliar o conteúdo do primeiro esboço da Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade.
A Coordenadora Nacional da Marcha na Galiza, publicará um pequeno calendário para pôr o debate em comúm.
. Primeiro esboço da Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade.
. Consulta ao Movimento Internacional das Mulheres.
[Notas muito importantes e questionário]

Temos até o 15 de Junho deste ano 2004, para avaliar o contido do primeiro esboço da Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade.

Escrito de Julie Bégin

Informávamos, no Boletim de Ligaçom Internacional das grandes linhas do plano de acçom 2004-2006 que se aprovou no Encontro Internacional em Março de 2003, e do papel central que teria neste a Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade. Para poder construir esta magna declaraçom de maneira que reflicta a nossa utopia feminista comum, a tua participaçom é essencial. As Coordenadoras Nacionais remetérom-nos já seus comentários sobre o plano geral da Carta, comentários sobre os quais baseamos o primeiro esboço, depois de várias etapas de intercámbios e correçons com o Subcomité Internacional encarregado de trabalhar sobre dito documento. Esta última versom será submetida aos nossos 5.700 grupos para consulta. Cada grupo terá do 15 de Março ao 15 de Junho para convocar às suas integrantes e avaliar a Carta com a ajuda de um questionário que se adjuntará à mesma... ¡um exercício de educaçom popular que se anúncia do mais estimulante! Poderedes remeter-nos as vossas opinions e reaçons por correio postal ou utilizando a seçom, especialmente concebida para isso, que se inaugurará em breve no lugar Web da MMM [http://www.marchemondiale.org]. ¡Contamos com vós!

Para darvos umha idéia, e abrir o apetito, tenho aqui as primeiras palavras: “Com esta Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade declaramos o nosso amor à vida e a nossa admiraçom ante a beleza do mundo.” Lindo início, verdade?

Julie Bégin, Agente de comunicaçons do Secretariado Internacional

ÍNDICE




CARTA MUNDIAL DAS MULHERES
PARA A HUMANIDADE

[PRIMEIRO ESBOÇO]

[No caso de querer ver a carta em español, english ou français, preme aquí: VER ]

Com esta Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade declaramos o nosso amor à vida e a nossa admiraçom frente à beleza do mundo.
Desde há muito que marchamos para denunciar a opressom à que somos submetidas por ser mulheres, para dizer a todas as pessoas que detentam o poder, que a dominaçom, a exploraçom, o egoísmo e a procura desenfreada do lucro que trazem injustiças, guerras, conquistas e violências têm que rematar.
Das nossas luitas feministas e a das nossas antepassadas que brigárom em todos os continentes, nascerám novos espaços de liberdade, para nós, as nossas filhas e para todas as nenas que, após nós, caminharam sobre a Terra.
Construímos um mundo no que se considere que a diversidade é umha vantagem, a individualidade ao igual que a colectividade um enriquecimento, onde flua um intercâmbio sem barreiras, onde a palavra, os cantos e os sonhos floresçam. Será este um mundo livre de tabús e de temores, um mundo no qual se imporám a solidariedade, a igualdade, a liberdade e a paz. Um mundo que, com a nossa força, somos capazes de criar.

SOMOS… mulheres do mundo, activas nas nossas comunidades locais e somos parte integrante do movimento das mulheres.

No marco da Marcha Mundial das Mulheres, no ano 2000, demos um passo mais e articulamos os nossos esforços para loitar contra a pobreza e a violência face as mulheres. Com esta acçom fortalecemos um amplo movimento de solidariedade entre os grupos de mulheres das bases, umha acçom que reuniu grupos de mulheres de 163 países e territórios do mundo enteiro.
Juntas, afundamos na nossa crítica do sistema capitalista e patriarcal causador de muitas desigualdades entre mulheres e homes, entre povos e no seio destes, desigualdades que agravam a pobreza e abranguem todo tipo de violências, em particular para as mulheres.
Juntas, propomos alternativas políticas com o propósito de eliminar a pobreza e a violência face as mulheres. Actuamos para mudar o mundo no que vivemos.
Assim mesmo, no ano 2000, no marco da Marcha Mundial das Mulheres transmitimos as nossas propostas aos responsáveis do Fundo Monetário Internacional, do Banco Mundial e interpelamos às Naçons Unidas. Desde entom também participamos nos grandes foruns internacionais, como o Fórum Social Mundial, onde se constroem alternativas desde os movimentos sociais. Hoje, propomos esta Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade. Este movimento assim criado, que consideramos irreversível, tam irreversível como a maré alta, segue seu curso, com plena determinaçom e com o nosso anseio de ver realizar-se as nossas utopias.

NOM ACEITAMOS MAIS QUE ...
... num mundo cada vez mais rico, as duas terceiras partes da populaçom vivam em condiçons de pobreza - 70 por cento dos pobres som mulheres e crianças. Cada 12 segundos morre de fame umha criança... ¡umha catástrofe mundial que nom provoca nem revolta nem indignaçom! Umha de cada 6 crianças trabalha em vez de ir à escola ou jogar. As milícias recrutam a um grande número de crianças e lhes obrigam a participar em guerras atrozes ou as arrojam ao mercado internacional do sexo, um mercado em constante auge.
... que em quase todo o mundo, grande número de mulheres se vejam privadas do direito de ir e vir como lhes praza, de estudar, de ter umha profissom, de eleger a sua companheira ou companheiro de vida, de votar, de escolher a sua nacionalidade, o seu domicílio, possuir papéis de identidade próprios, herdar, solicitar crédito, cultivar-se, ter passatempos, vestir-se a seu gosto, ...
... que os países do Sul se derrubem, pressionados polo peso da dívida imposta polos países ricos. Esgotam-se as riquezas naturais, produto da sobreexploraçom, e se destrói o meio ambiente.
... que o neoliberalismo se imponha, com maneiras únicas de pensar, produzir, comerciar, comer e divertir-se.

DENUNCIAMOS
... ao patriarcado e a mundializaçom capitalista triunfante como responsáveis das desastrosas condiçons de vida de milhares de milhons de pessoas, das violaçons dos direitos humanos, em particular das mulheres, e da devastaçom meio ambiental.
... a lógica capitalista que coloca toda acçom, serviço, relaçom e até os mesmos seres humanos na categoria de mercadorias. Umha lógica construída sobre o crescimento ilimitado e o consumismo, que descansa principalmente sobre a presença de umha mao de obra feminina, maleável, mal pagada, e que com freqüência trabalha em condiçons de quase escravatura. Conta também com o fato de que as mulheres efetuam gratuitamente o trabalho essencial para a reproduçom social; aseo, cozinha, cuidado de roupa, educaçom das crianças, o atendimento aos familiares, a agricultura de subsistência.
... a dominaçom patriarcal como responsável, desde há milénios, das desigualdades entre as mulheres e os homes, como umha dominaçom política, cultural, social e economicamente institucionalizada que atravessa todas as instituiçons e que gera violências e exclusons. Já seja no ámbito político, jurídico, legislativo, como no acesso às riquezas, à educaçom, à saúde, ao emprego, à tecnologia, aos salários, à segurança, à informaçom; no reconhecimento do seu trabalho de reproduçom social, nom existe ainda a igualdade entre mulheres e homes.
... o perigoso auge dos integrismos religiosos, do sexismo, o racismo, a homofobia, e o ódio para todo o que é estrangeiro.
... a multiplicaçom das guerras e os conflitos armados que causam grande mortandade na populaçom civil, que abranguem numerosas formas de violência face as mulheres, que desfalcam os orçamentos estatais para beneficiar às empresas transnacionales implicadas na indústria armamentista.
... todas as formas de corrupçom.
... a competitividade, como motor do desenvolvimento, que conleva a dominaçom de umhas quantas pessoas sobre imensas maiorias.

¡ACUSAMOS!
... às instituiçons internacionais, financeiras, econômicas e comerciais: o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional, a Organizaçom Mundial do Comércio, a Organizaçom de Cooperaçom e Desenvolvimento Económico. Ditas instituiçons impoem por doquier as regras da mundializaçom económica actual e, indiretamente, do sistema patriarcal ao mesmo tempo que defendem os interesses das multinacionais e a mercantilizaçom do mundo. Mentem-nos, ademais, quando afirmam que com a abertura dos mercados se melhorará a vida dos mais pobres, haverá prosperidade e distribuiçom dos recursos financeiros e materiais.
... aos complexos industriais militares que prosperam criando e fomentando conflitos e guerras, fontes de violência, pobreza, prostituiçom.
... à Organizaçom das Naçons Unidas pola sua incapacidade de manter a paz e a estabilidade colectiva e instaurar umha sociedade justa e duradoira.
... às empresas transnacionales, as únicas que se beneficiam verdadeiramente do capitalismo, que operam por em cima da lei sem sançom social, sem render contas a ninguém, fora do alcance do controle democrático.
... aos governos, na medida na que renunciam a suas responsabilidades para suas cidadás e cidadáns. Vivemos em democracias enfermas, sem legitimidade nem representatividade.
... a todos os integrismos religiosos que privam à mulher de sua liberdade e lhe impedem dispor livremente de seu corpo e de sua sexualidade.
... aos homes que se negam a renunciar aos privilégios que lhes outorga o patriarcado, e exercem, na esfera privada, o controle das mulheres controlando as suas vidas.

ESCREVEMOS ESTA CARTA para manifestar o nosso descontento, denunciar todo o que pensamos que constitui um grave atropelo à vida e à beleza do mundo e para propor outro mundo.
Os direitos humanos, em particular os da mulher, encontram-se inscritos em vários textos internacionais, como a Declaraçom Universal dos Direitos Humanos, o Convênio sobre a eliminaçom de toda forma de discriminaçom para a mulher, o Convênio sobre a proteçom da maternidade, o Convênio sobre os direitos políticos da mulher, ....
Conquanto reconhecemos a conquista de ditos instrumentos internacionais, cabe assinalar que em nengum se pom em tela de juízo os sistemas políticos e económicos actuais, sistemas que conlevam a opressom da maioria dos seres humanos e que manifestam particular violência face as mulheres. Também nom criam um novo projeto de sociedade que asegure à proteçom e sobrevivência do planeta, tanto no ámbito ecológico como económico, político, social e cultural e ao respeito da diversidade e a integridade do ser humano.
Nesta Carta se recolhe a visom feminista do que deve ser o mundo e o que propom como alternativas para hoje e o futuro. Esta Carta, que dirigimos a todos os habitantes da Terra, tem como ponto de partida a vida diária de milhons de mulheres e homes e se inspira nas iniciativas que se estám instrumentado no mundo enteiro para transformar as relaçons sociais predominantes na atualidade. Nom contém, no entanto, nengumha norma para emprega-la. Fica para que cada umha e cada um a adapte a sua situaçom própria.

FUNDAMENTAMOS A NOSSA CARTA nos valores de igualdade, de liberdade, de solidariedade, de justiça e de paz.
Adoptamos estos valores universais fundamentais como valores feministas para construir um mundo no qual as mulheres gozarám de plena cidadania, e no qual mulheres e homes ocuparám igual lugar e poderám satisfazer suas necessidades fundamentais, viver em segurança, no qual se reconhecerá a diversidade de pensamento, de maneira de viver e de actuar. Som valores diametralmente opostos aos que sustentam o patriarcado, o capitalismo e o racismo [dominaçom, exploraçom, competência, lucro].
Os valores expressados nesta Carta estám omnipresentes em todas as nossas reivindicaçons e em todas as nossas luitas sejam estas locais, nacionais ou mundiais, e constituem um todo e portanto nom podem considerar-se por separado. Damos, para cada umha delas, a nossa própria definiçom e as afirmaçons que defendemos.

IGUALDADE
A igualdade consiste em tratar a todos os seres humanos de igual maneira na sua qualidade de pessoas e membros de umha sociedade, e dar o mesmo tratamento a todos os povos.
A igualdade requer que se instaure umha organizaçom social com a qual se derrube a lógica actual de dominaçom patriarcal, capitalista e racista e se garanta a distribuiçom das riquezas, o trabalho para todas e todos, o acesso real de todas as pessoas à vivenda, a educaçom, a justiça, a umha alimentaçom nutritiva, a serviços de saúde, a um medioambiente sam, à propriedade, ao crédito, a cargos de representaçom, à energia, aos meios de transporte, às técnicas, a ciência, o lazer, a cultura e o repouso.
Afirmamos que todos os seres humanos e todos os povos som iguais, em todos os ámbitos e em todas as sociedades, sem discriminaçom por motivos de gênero, cor, origem étnica, nacionalidade, classe social, modo de viver, orientaçom sexual, domicílio, idioma, idade e incapacidade.
Nom há costume, tradiçom, religiom ou ideologia que possa justificar o pôr a umha pessoa em situaçom de inferioridade nem permitir actos que ponham em perigo a sua dignidade e integridade física.
Nengum grupo nem país pode pretender superioridade sobre outro e limitar o acesso a quem seja aos recursos, a justiça, o trabalho ou a propriedade.

Construímos um mundo no qual:
Antes de ser parceiras, esposas, mais e trabalhadoras, as mulheres somos cidadás de pleno direito.
As tarefas relacionadas com a actividade humana e o trabalho nom remunerado [tarefas domésticas, cuidado das crianças e as meninas, dos familiares, ...] compartilham-se de maneira equitativa entre as mulheres e os homes.
Paridade salarial entre mulheres e homes por um trabalho idéntico e equivalente, e goze dos mesmos direitos e as mesmas prestaçons sociais, independentemente do tipo de trabalho efetuado [remunerado ou nom, asalariado ou nom]. Nas empresas, as mulheres som tratadas sem nengum tipo de discriminaçom.
Mulheres e homes vivem livres de toda forma de violência e de preconceitos.
Se educa às meninas e as crianças a respeitar o outro gênero.
Os Estados instrumentam medidas específicas para colmar as desigualdades entre nenas e nenos, mulheres e homes e para satisfazer as necessidades específicas das mulheres.
Os Estados garantem a igualdade às comunidades que vivem no seu território.

LIBERDADE
Ser livre é poder decidir, cada pessoa por se mesma e para si, o seu próprio destino. É gozar de umha liberdade que protege a individualidade de cada quem e a construçom colectiva do futuro que queremos, umha liberdade que se exerce num ámbito de cooperaçom, de associaçom e de respeito da opiniom alheia, e dentro de parámetros democraticamente definidos por toda a sociedade. A liberdade conleva responsabilidades e deveres para com a comunidade (respeito dos direitos, das liberdades, da segurança e do bem-estar das demais pessoas).
Sob liberdades individuais entendemos aquelas que se referem à proteçom da vida privada, a liberdade de ir e vir, de eleger o seu estado civil e a sua orientaçom sexual, bem como à liberdade de pensamento, de consciência e de religiom; de dispor de sua pessoa e de seus bens; de viver em segurança e controlar a sua saúde reprodutiva.
As liberdades colectivas som aquelas que se referem à liberdade de associaçom, de reuniom, de manifestaçom, de opiniom, de expressom, de publicaçom, de voto, de autodeterminaçom.
Afirmamos que todos os seres humhanos som livres e gozam de liberdades individuais e colectivas que garantem, a todas e cada umha das pessoas, a dignidade. Nengum ser humano pertence a outro.

Construímos um mundo no qual:
Todo ser humano viva livre de todo tipo de violência, sem nunca ser objeto de escravatura, tráfico ou exploraçom sexual.
As mulheres tomem em toda liberdade as decisons no que a seu corpo se refere; decidam se querem ou nom ter filhos, levar ou nom umha gravidez a termo. O cuidado e a educaçom das crianças som responsabilidades que incumben tanto às mulheres como aos homes bem como à sociedade no seu conjunto.
As mulheres tenhem direito de dizer nom, de contravir às normas sociais e culturais que exigem que sejam belas, submissas, silenciosas.
As mulheres e os homes elegem, em toda segurança, o seu domicílio, os seus estudos, os seus passatempos, as suas vestimentas, a sua maneira de deslocar-se, o seu idioma de comunicaçom, as suas leituras, as suas amizades, o seu meio, os seus lugares de diversom.

SOLIDARIEDADE
A solidariedade presupom um modelo de sociedade generoso e incluiente, no qual nem a humanidade nem o planeta estám em venda. Significa também procurar o equilíbrio entre o interesse comum e o individual; renunciar aos privilégios e dar precedencia ao colectivo e ao interesse geral sobre os interesses puramente individuais.
Afirmamos que só a verdadeira democracia, como regime, pode garantir a realizaçom pessoal dos seres humanos, com a condiçom que nela se garanta a participaçom das mulheres e dos povos; a economia está ao serviço da pessoa e garante a sua sobrevivência; toda actividade humana deve ser respeitosa do meio ambiente.

Construímos um mundo no qual:
O Estado democrático é um estado de direito e laico, que resguarda a liberdade, a solidariedade, a igualdade, a paz e a justiça, e vela porque nom surja nengumha forma de discriminaçom, de exclusom e de violência. Este Estado vela polos direitos da mulher e garante o desenvolvimento de umha sociedade sustentável.
As decisons se tomam, instrumentam-se e controlam colectivamente. Cada pessoa participa activamente ns decisons tomadas, desde o nível local ao internacional.
O planeta está governado por todos os seus habitantes sob o auspício de umha organizaçom política mundial com representatividade igual e democrática entre todos os países e com umha participaçom paritaria entre mulheres e homes.
Os recursos e as riquezas se distribuem equitativamente entre os países, no seio destes e entre todos os seres humanos de maneira que permita eliminar a pobreza e limitar a riqueza. Este compartilhar assegura a cada um e a cada umha o acesso ao trabalho para poder satisfazer as suas necessidades essenciais [acesso a vivenda, a umha alimentaçom sam e suficiente, às fontes de energia, a serviços de saúde, ao transporte, à informaçom, à educaçom, à justiça, à cultura e ao esparcimiento.].
As tarefas vinculadas à reproduçom social nom remuneradas [tarefas domésticas, educaçom das crianças, cuidado das pessoas maiores, ...] som tomadas em conta, colectiva e publicamente e se contabilizam na riqueza nacional.
Formas alternativas econômicas que respeitam os direitos das trabalhadoras e os trabalhadores, ao mesmo tempo que têm um objetivo social e ecológico, e com as quais se fomenta o crescimento mediante umha economia participativa, cooperativas, produçom dirigida prioritariamente a satisfazer as necessidades da colectividade mais proxima e nom destinadas à exportaçom, sistemas de intercâmbios, fundos éticos, investimentos responsáveis, comércio justo, moedas sociais.
Os recursos naturais fazem parte do património comum da humanidade e se preservam para as geraçons actuais e futuras. Cada ser humhano dispom de água, ar, energia, etc. segundo as necessidades de cada quem.
Se conserva a diversidade biológica (vida silvestre, bosques, ecosistemas, etc.) e se reconhecem e valorizam os conhecimentos das mulheres sobre a biodiversidade, em particular as mulheres indígenas.

JUSTIÇA
A justiça se fundamenta no reconhecimento e a garantia de fazer respeitar os direitos dos que goza toda pessoa no ámbito jurídico, judicial, político, económico e social. Estes direitos som o fruto dum equilíbrio entre os requerimentos individuais e coletivos.
O Estado é portador de justiça social (igualdade das mulheres e os homes, igualdade das mulheres entre elas, e dos homes entre eles). O Estado instaura um sistema judicial acessível, igualitário, eficaz e independente. Quando os direitos se vêm atropelados, a justiça tem o papel de negociar, consertar, atuar e castigar aos responsáveis.
As experiências de diversos países demonstram que as normas jurídicas podem elaborar-se de maneira coletiva e que os conflitos podem resolver-se por via da mediaçom, a conciliaçom e a reconciliaçom e da compensaçom da comunidade ou a pessoa prejudicada, etc.
Afirmamos que a justiça é garantia de umha sociedade livre de todas as formas de discriminaçom e de violência, e preserva a vida, a segurança, a liberdade e protege às pessoas mais vulneráveis.

Construímos um mundo no qual:
Se aplicam efetivamente os textos internacionais, regionais, nacionais e locais, em particular os que afetam à mulher e se reforçam com mecanismos de recurso e de sançons em caso de nom cumprimento.
As mulheres e os homes se opoem, em toda legitimidade, aos integrismos, e extremismos que impedem o pleno exercício de sua cidadania.
Se instrumentam mecanismos para garantir que todas e todos conheçam seus direitos e tenham a possibilidade de fazê-los respeitar.
O interesse geral é superior ao interesse individual. Os bens e conhecimentos que som beneficiosos para todos e todas nom podem ser açambarcados por uns quantos. Estabelecem-se mecanismos eficazes de luita contra a corrupçom.
Se garante a integridade física da pessoa, suprime-se a pena de morte, proíbem-se a tortura, os tratamentos humilhantes e degradantes, considera-se um crime contra a pessoa a violaçom e um delito ante a lei todas as formas de violência especificamente dirigidas para as mulheres.

PAZ
A paz brinda a possibilidade de viver em segurança, sem violência coletiva e individual (ausência de dominaçom de umha pessoa sobre outra, dum grupo sobre outro, dumha minoria sobre umha maioria, de umha naçom sobre outra, etc.).
Instaura-se num marco de estabilidade política que impede o surgimento de tais violências e dominaçons, um marco democrático no qual se compartilha o poder. O viver em segurança requer umha autêntica igualdade entre todos os membros da sociedade e entre os povos. Viver em segurança, quer dizer viver sem temor de ser agredida, de nom ter trabalho, rendimento, comida, teito, educaçom e acesso a atendimento médico.
Afirmamos que todos os seres humanos vivem liberados de todo tipo de temor e de formas de dominaçom. As relaçons no seio da sociedade se fundam na cooperaçom, a estabilidade e a garantia de contar com as necessidades básicas, umha garantia respaldada polo Estado.

Construímos um mundo no qual:
Se respeite a integridade física e moral de todas e todos. Erradica-se toda forma de escravatura e de tráfico sexual.
Todas as formas de violência estám proibidas por lei, particularmente aquelas dirigidas para as mulheres, já sejam da esfera privada ou pública.
Nom se tolera nengum tipo de impunidade.
Se destruem todas as armas, desmantela-se a indústria armamentista e se reconvirte a programas que fomentam a saúde, o emprego, a educaçom.
Em casos de conflicto, empregam-se métodos pacíficos para resolvê-los. As mulheres intervenhem ativamente no processo e na reconstruçom das sociedades e a instauraçom dum Estado que garante a democracia, as liberdades e a igualdade de todos e todas.
Homes e mulheres contam com programas de formaçom à nom violência que fomentam umha cultura de paz e de prevençom dos conflictos e que excluem toda representaçom degradante da mulher nas publicaçons, meios de comunicaçom, manuais escolares, películas e lugares Internet.

APELAMOS…
a todos os movimentos sociais e a todas as forças vivas da sociedade civil a actuar junto com nós para que os valores que defendemos nesta Carta sejam verdadeiramente postos em prática. Instrumento de reflexom e acçom, a Carta Mundial das Mulheres para a Humhanidade é umha ferramenta ao serviço de todas as pessoas que querem mudar o mundo e desejem fazê-la avançar integrando-a nas suas luitas actuais.
Interpelamos aos homes a que se comprometam a romper definitivamente com todas as formas de violência face as mulheres, a que denunciem eles mesmos, sem complacência, todas as extorsons que se cometem contra as mulheres e a que desenvolvam com elas relaçons fundadas na igualdade e o respeito. Os interpelamos para que em uniom ponhamos em tela de juízo o modelo de masculinidade actual e construamos um mundo em igualdade, livre, justo, democrático, ecológico e pacífico.
Exigimos que todas as instáncias de poder, quaisquer seja seu nível, tomem todas as medidas necessárias para promover os princípios enunciados na nossa Carta e cumprir com os textos de defesa dos direitos da mulher e dos seres humanos em geral dos quais som signatários. ¡Há urgência!
Recordamos nosso compromisso feminista e insistimos que nengum elemento desta Carta pode ser interpretado ou utilizado para emitir opinions ou levar a cabo atividades contrárias ao espírito desta Carta.


ÍNDICE



......................................................................................
Consulta ao Movimento Internacional das Mulheres.

Os nossos objectivos iniciais:

· Apresentar o mundo que desejamos e os valores que defendemos como grupos de mulheres.
· Dar a conhecer as nossas alternativas económicas, políticas, sociais e culturais fundadas na igualdade de todos os seres humanos e entre todos os povos, dentro dum marco de respeito do nosso meio ambiente planetário.
· Confrontar as nossas visons desse outro mundo, entre nós as mulheres e com as organizaçons aliadas tanto no plano local, nacional, regional como internacional.

Processo de consulta


A redacçom desta Carta precisa de tua participaçom.

O texto que publicamos aqui constitui um primeiro esboço, redigido a partir de reflexons, sugestons, textos inspiradores sobre mulheres que deixárom sua impressom, ..., provistos polas Coordenadoras Nacionais, e sob a supervisom de um comité da Marcha Mundial.

Agora toca-vos a vós, grupos participantes, realizar umha acçom de educaçom popular para validar ou modificar seu conteúdo. Convidamo-vos a ler a Carta e a comentá-la.

A consulta se levará a cabo até o 15 de Junho de 2004.

Após essa data, o calendário de redacçom será o seguinte:

* Do 15 de Junho ao 15 de Agosto de 2004: redacçom, pelo comité da MMM encarregado de elaboraçom da Carta, do segundo esboço da Carta tendo em conta os comentários recebidos.

* Setembro de 2004: envio do segundo esboço às Coordenadoras Nacionais e discussom com motivo de um encontro nacional para preparar às delegadas que participarám no Quinto Encontro Internacional de Rwanda, em Dezembro de 2004.

* 10 de Dezembro de 2004, Rwanda: aprovaçom do documento final.

Nom vos pedimos que reescrevais o texto.

Podeis participar nesta consulta de duas maneiras: ou bem respondendo as perguntas utilizando o formulário, ou reagindo directamente a partir do texto mesmo da Carta, utilizando a funçom “Enviar comentários”. Pois NA REDE ESTÁ EM FUNCIONAMENTO O SÍTIO DA MARCHA NO QUE PODEIS CONSULTAR TODO O PROCESSO DE DISCUSSOM DA CARTA MUNDIAL, INCLUÍDO OS DIFERENTES COMENTÁRIOS QUE IMOS FAZENDO TODAS, CONSULTA-O:

http://www.marchemondiale.org/es/carta.html
[Em English, Español e Français]

Notas e Questionário.


Numha PRIMEIRA ETAPA, INDICAR QUEM PARTICIPOU NA CONSULTA
[quantas mulheres, militantes ou trabalhadoras do grupo, comitês de trabalho, ...) e DESCREVER OS OBJETIVOS DO GRUPO.

PERGUNTAS E COMENTÁRIOS GERAIS

01. Considerades que este esboço da Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade corresponde aos objetivos precitados?

02 . Que pensades do estilo da Carta? Deveria ter esta um tom mais declamatório, inclusive mais poético?

03 . Que opinades da estrutura da Carta?

04 . Como de extensa deveria ser a Carta?

05 . Como vades utilizar a Carta nas luitas diárias?

OUTRAS PERGUNTAS

06 . Estades de acordo com a introduçom da Carta?

07. Na seçom Somos… : Quando fazemos a denúncia do sistema patriarcal e capitalista, devemos sistematicamente incluir a denúncia do racismo?

08 . Na seçom Denunciamos… : Resultam claras as nossas denúncias? Nom há bocados demasiado longos?

09 . Na parte ¡Acusamos!… : Deveríamos precisar o nome das organizaçons internacionais que acusamos?
Deveríamos manter as acusaçons que fazemos respecto da ONU e de nossos governos?

10 . Na seçom Fundamos nossa carta … : Como pôr em relevo o feito de que a Carta está construída sobre estes cinco valores? Deveríamos adicionar um parágrafo introductivo para mostrar que a parte medular da Carta se encontra nesta seçom?

11 . Estám de acordo com a definiçom que se dá a cada valor e com a afirmaçom principal?

12 . Considerades que é contraditório reclamar o direito e o acesso à propriedade e ao mesmo tempo denunciar o capitalismo e aspirar a pôr um limite às riquezas individuais?

13 . Devemos insistir, na Carta, sobre o papel do Estado democrático como umha das garantias de nossos valores?

14 . Estades de acordo em que se fale de "responsabilidades " e "deveres" para com a comunidade quando falamos de liberdade?

15 . Teria que definir, na Carta, o laço entre trabalho e salário?

16 . Como deveríamos interpelar aos poderes estatais e institucionais com a nossa Carta?

PREGA-SE MANDAR AS REPOSTAS:


1. Por correio eletrónico a:

bverdiere@marchemondiale.org
ou visitar:
http://www.marchemondiale.org/es/carta.html


2 . Por correio ordinário ou por fax a:

Brigitte Verdière,
Marche Mondiale des Femmes
110 rue Ste-Thérèse, # 203, Montréal (Québec)
Canada H2E 1E6


Fax: (1) 514-395-1224


3. Por meio de formulário:

Também podes enviar os comentários utilizando o gestor de correio associado ao teu computador utilizando o formulário da página internacional da Marcha, premendo aqui
[UTILIZADOR FORMUÁRIO]


VER OS COMENTÁRIOS, CRÍTICAS E CONTRIBUTOS FEITOS À CARTA:

Ligaçom à livreta de notas onde se podem consultar os comentários feitos até agora
[français, english, español e em outras línguas]

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