BOLETIM INFORMATIVO
Coordenadora Nacional da Marcha Mundial das Mulheres na Galiza
Janeiro-2004
Ano II
nº 5


Boletim Informativo, ano II, nº5, 2004

. APELO DA ASSEMBLEIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS
Mumbai, Índia, Janeiro de 2004.
Documento conjunto redactado no seio do Fórum Social Mundial, celebrado em Mumbai.

. COMUNICADO DE IMPRENSA
Comunicado Público da Marcha Mundial das Mulheres, diante das últimas agressons sexuais contra duas moças na provincia de Ourense; diante da morte da vizinha de Villablino, e do vizinho de Ferrol, morto polo seu filho por agredir à sua nai.
[28.01.2004]


APELO DA ASSEMBLEIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS
Mumbai, Índia, Janeiro de 2004.

Os movimentos sociais reunidos em Assembleia na cidade de Mumbai, Índia, compartilhamos as luitas do povo da Índia, assim como a dos povos asiáticos e reiteramos nossa oposiçom ao sistema neoliberal que gera crises económicas, sociais, ambientais e conduz à guerra. Nossas mobilizaçons contra as guerras e as profundas injustiças sociais e económicas servirám para desemascarar o neoliberalismo.

Reunimo-nos aqui para organizar a resistência e luitar para construir alternativas ao capitalismo. Nossas resistências iniciadas em Chiapas, Seattle e Genova conduzírom-nos à enorme mobilizaçom mundial contra a guerra em Iraque o 15 de Fevereiro de 2003, que deslegitimou a estratégia de guerra global e permanente do governo dos Estados Unidos e seus aliados, e à vitória contra a OMC em Cancum.

A ocupaçom de Iraque amosou a todo o mundo o vínculo existente entre o militarismo e a dominaçom económica por parte das corporaçons transnacionais e confirmou as razons que nos levárom a mobilizar-nos na sua contra.

Os movimentos sociais reafirmamos nosso compromisso de luita contra a globalizaçom neoliberal, o imperialismo, a guerra, o racismo, as castas, o imperialismo cultural, a pobreza, o patriarcado e todas as formas de discriminaçom e exclusom económica, social, política, étnica, de género, sexual, bem como a favor da orientacion sexual e a identidade de género. Estamos em contra da discriminaçom das pessoas que tenhem capacidades diferentes e doenças incuráveis, em particular, de quem padecem o VIH-AIDS.

Luitamos pola justiça social; o direito aos recursos naturais [terra, água e sementes]; os direitos humanos e cidadans; a democracia participativa; os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras consignados nos tratados internacionais; os direitos das mulheres; assim como o direito dos povos à autodeterminaçom. Somos partidários da paz, a cooperaçom internacional e promovemos sociedades sustentáveis, capazes de garantir os direitos básicos e os bens e serviços públicos às pessoas. Ao mesmo tempo rejeitamos a violéncia social e patriarcal em contra das mulheres.

Chamamos a mobilizar-nos o 8 de Março, Dia Internacional polos Direitos das Mulheres.

Luitamos contra toda forma de terrorismo, incluído o terrorismo de Estado, à vez que estamos em contra da utilizaçom da luita "contra o terrorismo" para criminalizar aos movimentos populares e activististas sociais. As chamadas leis contra o terrorismo estám restringindo os direitos civis e as liberdades democráticas em todo o planeta.

Reinvindicamos a luita de labregas e labregos e camponesas, trabalhadores e trabalhadoras, movimentos populares urbanos e toda pessoa ameaçada com perder a casa, o trabalho, a terra e seus direitos. Estám-se multiplicando as luitas para deter e reverter as privatizaçons, proteger os bens comuns e seu caracter público [como as que tiveram lugar em Europa em relaçom às pensons e a segurança social]. A vitória da gigantesca mobilizaçom do povo boliviano em defesa de seus recursos naturais, a democracia e sua soberania é um depoimento da força e potencialidade de nossos movimentos; ao mesmo tempo que avançam as luitas camponesas contra as transnacionales e as politícas agrícolas neoliberais, exigindo soberania alimentária e umha reforma agrária democrática.

Chamamos à unidade com os e as camponesas na mobilizaçom mundial do 17 de Abril, Dia Internacional de Luita Camponesa.

Identificamo-nos com as luitas dos movimentos e organizaçons populares da Índia e junto a eles condenamos às forças politícas e ideologias que promovem a violência, o sectarismo, a exclusom e o nacionalismo baseado na religiom e a etnicidade. Condenamos as ameaças, detençons, torturas e assassinatos de ativistas sociais que organizam às comunidades para luitar pela justiça global, e denunciamos a discriminacion emanada das castas, as classes, a religiom, o género, a orientaçom sexual e a identidade de género. Condenamos a perpetuaçom da violéncia e a opressom contra as mulheres através de patrons e práticas culturais, religiosas e tradiçons discriminatórias.

Apoiamos os esforços dos movimentos e organizaçons populares na Índia e em Ásia que impulsionam a luita dos povos pola justiça, a igualdade e os direitos humanos. Em particular, a dos Dalits, os Adivasis e os setores mais oprimidos e reprimidos desta sociedade. A política neoliberal do Governo da Índia agrava a marginalizaçom e opressom social que o povo dos Dalits vinha sofrendo historicamente.

Por todo isso respaldamos as luitas dos excluídos de todo o mundo e chamamos a somar-nos ao apelo que farám os Dalìts para umha jornada de mobilizaçom pola inclusom social.

O capitalismo, em resposta a sua crise de legitimidade, recorre ao uso da força e da guerra para manter um ordem económico antipopular. Exigimos aos governos pôr fim ao militarismo, à guerra e cancelar os orçamentos militares e demandamos o fechamento das bases militares norteamericanas em todo o mundo porque representam um risco e umha ameaça para a humanidade e o planeta. Temos que seguir o exemplo da luita do povo portorriquenho que obrigou a fechar a base estadounidense em Vieques. A oposiçom à guerra global segue sendo nosso terreno de mobilizaçom geral no mundo.

Chamamos à cidadania mundial a mobilizar-se o 20 de Março numha jornada internacional de protesto contra a guerra e a ocupaçom de Iraq, imposta pelos governos dos EEUU, Grande Bretanha e seus aliados.

Por isso, os movimentos contra a guerra desenvolverám em cada país suas próprias consignas e táticas, com o fim de assegurar umha ampla participaçom nas mobilizaçons. Demandamos a retirada imediata das tropas de ocupaçom de Iraque e apoiamos ao povo iraqui em seu direito à livre autodeterminaçom e soberania, assim como ao direito a que se reparem os danos ocasionados polo embargo e a guerra.

A "luita contra o terrorismo" nom só actua como pretexto para manter a guerra e a ocupaçom em Iraq e Afeganistám, senom que se utiliza para ameaçar e agredir aos povos. Ao tempo, mantém-se o bloqueio criminoso contra Cuba e a estratégia de desestabilizaçom em Venezuela
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Este ano chamamos a respaldar com força a mobilizaçom a favor do povo palestino, especialmente o 30 de Março, Dia da Terra em Palestina, para reivindicar o direito dos refugiados ao retorno e contra a construçom do muro.

Denunciamos ao imperialismo que impulsiona os conflitos religiosos, étnicos, raciais e tribais em seu próprio benefício, acrecentando o ódio, a violência e o sofrimento dos povos. Mais do 80% dos 38 conflitos armados no mundo em 2003 foram internos. Afetaram sobretudo aos povos de Ásia e Africa.

Denunciamos o uso coercitivo por parte dos governos, as transnacionaies e as instituiçons financeiras internacionais do endividamento insustentável dos países pobres do planeta. Repudiamos a dívida ilegítima do Terceiro Mundo e exigimos o seu cancelamento incondicional e a reparaçom polos danos económicos, sociais e ambientais, como condiçom preliminar para conseguir a plena satisfaçom de seus direitos. Em especial respaldamos a luita que desenvolvem os movimentos sociais no continente africano.

Por isso levantamos nossa voz contra o Cume do G8 e as reunions do FMI e o Banco Mundial, principais responsáveis do expólio dos povos.

Rejeitamos a imposiçom de acordos regionais ou bilaterais, tais como o ALCA, o NAFTA, o CAFTA, o AGOA, o NEPAD, o Euro-Med, o AFTA e o ASEAN.

Somos milhos em pé de luita que vimos unificando nossas mobilizaçons contra um inimigo comum: a OMC. Os povos indígenas luitam contra as patentes de toda forma de vida e o assalto à biodiversidade, à água, à terra, ao ambiente, à educaçom e à saúde; e somos milhons quem nos enfrentamos às privatizaçons dos serviços públicos. Ao enfrentar o inimigo comum se nos uniram jovens e estudantes, reivindicando seu direito à educaçom pública e um emprego digno que lhes permita um futuro sem pobreza e violência.

Chamamos a todos e todas a mobilizar-se pola água como direito básico e fonte de vida que nom pode ser privatizada; também a recuperar o controlo sobre os bens comuns e recursos naturais que foram entregados a interesses privados e transnacionaies.

Na batalha vitoriosa de Cancum, a morte do camponês Lee representa o sofrimento de milhons de labregas e labregos, e setores populares excluídos pelo livre "mercado". Sua inmolaçom é um símbolo de nossa determinaçom contra a OMC, para deixar claro que qualquer tentativa de resuscitar a OMC obterá nossa oposiçom.

¡Fora a OMC da agricultura, a alimentaçom, a saúde, a água, a educaçom, os recursos naturais e bens comuns!

Com esta determinaçom chamamos a todos os movimentos sociais do mundo à mobilizaçom em Hong Kong ou onde se reuna a próxima ministerial da OMC, e a unir nossos esforços na luita contra as privatizaçons, em defesa dos bens comuns, o meio ambiente, a agricultura, a água, a saúde, os serviços e a educaçom.

Para conseguir estes objectivos reafirmamos nossa firme vontade de reforçar a Rede dos Movimentos Sociais e nossa capacidade de luita.


GLOBALIZEMOS A LUITA, GLOBALIZEMOS A ESPERANÇA!

ÍNDICE


Ligaçom de Interesse:
Rede de Movimentos Sociais
http://www.movsoc.org/index.htm


COMUNICADO DE IMPRENSA

A Marcha Mundial das Mulheres, diante das últimas agressons sexuais contra duas moças na provincia de Ourense; diante da morte da vizinha de Villablino, e do vizinho de Ferrol, morto polo seu filho por agredir à sua nai, queremos manifestar o seguinte:

1º Que Manuel Fraga pode também associar, à defessa do "amor livre" e aos avances na conquista dos direitos das mulheres, estas e outras muitas situaçons de violência de género, como fixo com a agressom do alcalde de Toques. Nom nos vai surprender que umha pessoa que governou negando às mulheres o direito ao divorcio, à anticoncepçom, ao aborto, ao voto... exprese com claridade o que em realidade pensa, que a violência de género é umha invençom das feministas e que se nos passa algo às mulheres é porque algo fariamos para merece-lo.

2º Que estas mortes, as 8 mortes de mulheres e nenas do ano 2003 [mais de 86 em todo o Estado], e as que se vam suceder irremediavelmente no que resta do ano 2004, estam sinalando ao PP como co-responsável em todo este sofrimento gerado pola violência de género na nossa sociedade, e indicando dum jeito cru e imparável que a sua política nom está conseguindo frear nem paliar a violência que se ejerce contra as mulheres e nenas. A política de propaganda e de medidas ailhadas e pouco significativas que acometérom os governos do PP, nom podem aspirar a acavar com umha violência que tem tanto arraigo social e que se alimenta das estructuras machistas, e também de declaraçons e actitudes políticas que encobrem e justificam aos agressores.

3º A Marcha Mundial das Mulheres recava do resto de partidos políticos, diante destas próximas eleiçons,um compromisso firme para a aprovaçom de medidas globais, que contem com orçamentos adequados e ajudem a umha trasformaçom social que faga possível umha vida sem violência. Estas medidas devem contar para a sua elaboraçom com as aportaçons e participaçom do movimento feminista. Este compromisso nom pode quedar nas últimas páginas das agendas políticas, dado a gravidade das conseqüências que acarrea a violência de género para as mulheres, as suas famílias, pessoas achegadas e para a sociedade em geral.

ÍNDICE

Marcha Mundial das Mulheres, 28 de Janeiro de 2004

Ligaçom de Interesse:
http://www.redfeminista.org/index.asp
[Sítio web da Rede Estatal de Organizaçons Feministas contra a violência de Género]


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